15 de abril de 2011

Chile põe publicidade em livro didático

Na Vanguarda da Privatização do Ensino Público, o país apresenta suas armas! Em experiência na rede particular, onde alunos leem diariamente anúncios sobre as vantagens de ter determinados produto, medidas preparam o terreno para as ações na Educação Pública!

SANTIAGO - Entre uma lição e outra, um anúncio de página inteira diz o quanto é bom ter o último modelo de celular e como é gostoso o cereal feito pela maior produtora de alimentos no mundo. Propagandas como essas são lidas diariamente em sala de aula por milhares de alunos menores de 12 anos de escolas privadas do Chile e têm provocado um debate nacional entre pais, educadores e autoridades, num dos países economicamente mais liberais da América do Sul.

Em livros de espanhol, sites de empresas privadas aparecem como "sugestões complementares de leitura". Os estudantes também veem banners, logotipos, embalagens, jingles e outras peças publicitárias dirigidas justamente às crianças, um público conhecido por seu apetite voraz de consumo e pelo poder de persuasão diante dos pais.

Num dos livros, o enunciado convida o estudante a cantar: "Meu primeiro Claro (celular) é a forma mais legal de falar com meus amigos." O conteúdo - difundido pela empresa no último Dia das Crianças - é apresentado a alunos da 5.ª série em um livro de Linguagem e Comunicação de uma das maiores editoras do Chile, a Santillana.

O Ministério da Educação defende o valor educativo dos textos publicitários, mas, diante das crescentes reclamações de pais e professores, começou a admitir pela primeira que talvez a iniciativa tenha ido longe demais. As editoras garantem que não recebem por divulgar os anúncios. Pelo contrário, pedem autorização às empresas.

Carmen Ureña, vice-diretora da editora Santillana, diz que "a utilização de marcas reais nos textos de Linguagem e Comunicação não constitui de forma alguma publicidade porque a editora não recebe dinheiro dessas empresas para que figurem no material pedagógico".

O ministro da Educação, Joaquín Lavín, defendeu-se dizendo que as propagandas pretendem somente "fazer com que as crianças enfrentem melhor a publicidade a qual estão expostas todos os dias, nas ruas e na televisão".

No entanto, depois de muita pressão, Lavín reconheceu que as peças publicitárias "deveriam ser fictícias, para que as crianças aprendessem sobre propaganda sem que fossem expostas a uma marca determinada".

Educadores lembram que, ao contrário do que ocorre nos canais de televisão, os estudantes não podem virar a página ou mudar de canal para fugir das peças quando estão em sala de aula.

Fáceis de decorar. A estudante María Jesús Manosalva, de 11 anos, estuda em uma das escolas mais tradicionais da cidade de Temuco, no sul do Chile. Em seu livro de espanhol há duas propagandas de empresas privadas que ocupam quase meia página cada uma.

"Os anúncios são bonitos, coloridos e fáceis de decorar. Eles ficam na cabeça. Eu gosto deles", disse María, que, como a maioria das crianças do Chile, é consumidora de todos os produtos anunciados em seu livro.

Em um dos exercícios, é apresentado um anúncio colorido de meias infantis. Ao lado, um questionário pergunta a marca, o nome, o tipo e o fabricante do produto, além de pedir para a aluna repetir o slogan por escrito e circular as palavras "você adora, você sonha".

"Quando vi a polêmica nos jornais me lembrei imediatamente dos livros que a minha filha usa. É um absurdo que isso esteja ocorrendo. Todos os amiguinhos de classe têm celular, consomem esses produtos. O que acontece aqui é influência sublimar em um público que ainda não dispõe de senso crítico", disse a mãe de María, Anita Mora Neumann.

"É muito preocupante que empresas comecem a lucrar no campo aberto das salas de aula, fazendo propaganda de graça para crianças que não têm a menor capacidade de filtrar esses estímulos", afirmou ao Estado Barbara Figueroa, diretora de Educação e Aperfeiçoamento do Sindicato Nacional dos Professores do Chile.

"Isso é algo que vai contra o próprio sentido da educação porque põe o lucro acima da formação dos alunos. Vamos estudar ações legais para proteger as crianças. Regular essa relação deveria ser uma das responsabilidades do Estado", disse Figueroa.

No Congresso. A conivência do Ministério da Educação já se tornou alvo de críticas também da oposição no Congresso. "Não é possível que avisos publicitários escondidos sejam aceitos pelo Ministério da Educação, com fotos e logotipos associados a empresas de celular, de alimentos e de bebidas", disse o senador democrata cristão Mariano Ruiz Esquide. "Essa ideia de que o mercado deve ser conhecido desde as mais baixas faixas etárias e em matérias que não são controladas por ninguém é um erro", acrescentou.

As discussões, que tiveram início entre pequenos grupos de pais descontentes, ganhou as páginas dos principais jornais do Chile e pode terminar com processos na Justiça e até mesmo a abertura de uma investigação parlamentar contra o Ministério da Educação.

TRECHOS: "Meu primeiro Claro (celular) é a forma mais legal de falar com meus amigos...Meu primeiro Claro é estar longe e me sentir em casa. Se fala Claro, é claro que tem mais."

fonte: www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110410/not_imp704193,0.php

3 de abril de 2011

Mais uma do inimigo nº1: SP reduz à metade bônus pago aos professores

O Governo do estado de São Paulo (PSDB- Alckimin) que há décadas governa o estado e organiza o sucateamento da Educação Pública, agora se esconde atrás de políticas de metas e da meritocracia, para explicar os verdadeiros problemas existentes na Educação pública Estadual. 
O resultado, mais uma vez, é a transferência da responsabilidade pela qualidade da Educação. O governo do Estado prefere dizer e noticiar que a culpa pelos baixos índices de desempenho dos alunos da Rede Pública em exames, pertence aos profissionais da Educação Pública Estadual, em vez de assumir seu verdadeiro papel!

A bonificação paga ontem pela Secretaria Estadual da Educação aos professores da rede pública - determinada pelo desempenho dos alunos - caiu pela metade em relação ao ano passado. O valor pago a 190 mil funcionários, de 3.778 escolas - 75% das 5.019 unidades estaduais - foi de R$ 340 milhões. Em 2010, foram concedidos R$ 655 milhões.
Jonne Roriz/AE-27/3/2009
Jonne Roriz/AE-27/3/2009
A diminuição do valor pago se deve, principalmente, à queda do desempenho dos alunos no Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) e à grande rotatividade de professores.
Na comparação com o ano passado, o número de escolas que não receberam o bônus triplicou. Em 2010, 510 colégios (9,9% do total) ficaram sem a bonificação. Neste ano, foram 1.474 escolas, o que representa 29,1% da rede pública do Estado.
O cálculo do índice corresponde à soma de quanto cada uma das 5 mil escolas públicas de todo o Estado cumpriram de sua meta de desempenho (cada colégio tem uma meta específica com base na sua própria realidade), mais o adicional por qualidade, concedido às escolas que superam o que foi estipulado.
Desempenho. As escolas da extrema zona leste da capital têm as piores médias de desempenho de estudantes da cidade. A diretoria chamada Leste 2, que reúne 90 escolas de bairros como Itaim Paulista, Guaianases, Itaquera, Lajeado, São Miguel e Vila Curuçá, obteve 0,278 no índice de cumprimento de metas estabelecido pela Secretaria de Estado da Educação. A escala do índice vai de 0 a 1.
O índice é cerca de metade do que obteve uma área nobre da própria zona leste - bairros como Belém e Tatuapé conseguiram 0,469 - e bem abaixo da pontuação da Norte 2. Essa última diretoria congrega bairros como Jaçanã, Mandaqui e Tucuruvi, que alcançaram 0,6 - o melhor desempenho na capital. Os dados mostram que quanto mais periférico é o bairro, mais baixo é o rendimento dos estudantes.
Interior. O pior desempenho do Estado foi observado no interior. A diretoria de ensino de Itararé, a 280 km de São Paulo, conseguiu apenas 0,190. Sertãozinho também está no final da lista, com 0,201. Já a cidade de Taquaritinga, na região de Ribeirão obteve o melhor índice no cumprimento das metas: 0,823.
"A meta torna a escola mais objetiva, mas é preciso ver se o que pedem é plausível. O problema da evasão, por exemplo, não depende só dos professores", afirma Ocimar Avelarse, da Faculdade de Educação da USP.
PARA ENTENDER
O bônus por resultado é calculado pelo governo de acordo com a evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp) de cada uma das 5 mil escolas estaduais e proporcional ao resultado de cada unidade.
Se as metas são totalmente atingidas, as equipes escolares ganham o equivalente a 2,4 salários.
Se a escola atingiu 50% de sua meta, os funcionários recebem 50% do bônus (ou seja, 1,2 salário a mais) e assim consecutivamente. Para os que trabalham nas unidades que superaram a meta, o bônus pode chegar a 2,9 salários.