Crianças portadoras de necessidades especiais do município do Rio de Janeiro (RJ) correm o risco de ficar sem salas de aula adaptadas no próximo ano. A decisão é da Secretaria de Educação do município e deve afetar 8 mil crianças. Segundo a Secretaria, a medida foi adotada porque o governo municipal acredita que “os alunos portadores de deficiência deveriam ser incluídos imediatamente em classes regulares.”
A decisão não agrada o movimento Inclusão Legal, que defende uma inclusão de “forma responsável e gradativa.” Para a mãe de um dos alunos, Maria Clara, a situação é preocupante. Ela fala da importância das salas e diz que por trás dessa medida há interesses financeiros.
“O município não tem a menor condição de infraestrutura para arcar com esses alunos em classes regulares. Imagina uma turma tendo portadores de necessidades especiais com professores despreparados, sem infraestrutura, sem banheiros adequados. Há escolas sem rampa de acesso. O que está por traz disso é uma imensa verba do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação] que determina que cada portador incluído em uma classe regular vai valer o dobro financeiramente, e essa verba vai para o município. Ou seja, há uma política de inclusão total.”
A superintendente do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Teresa Costa afirma que as salas regulares não estão preparadas para receber esses alunos. Ela defende a manutenção das especiais.
“Um cego, se ele não aprender braile não adianta ir para uma sala comum. Se um surdo não aprender linguagem de sinal ou leitura labial não adianta ir para uma sala comum. Esses alunos vão ficar de lado. E se você coloca um deficiente intelectual a dificuldade é maior ainda. E vão fazer o que com essas crianças? Não vão dar educação. Essas crianças devem ser preparadas da melhor maneira possível.”
De São Paulo, da Radioagência NP, Danilo Augusto. http://www.radioagencianp.com.br
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